Além da sala de aula: filmes universitários ganham a crítica e conquistam prêmios
Alguns dos curtas-metragens brasileiros mais premiados em festivais nacionais e internacionais deste ano foram dirigidos por estudantes. Cineastas como Leonardo Mouramateus (Ceará), Wislam Esmeraldo (Ceará) e Lucas Sá (Maranhão), antes mesmo de se formarem, conquistaram respaldo nas principais mostras do país. Em Gramado, por exemplo, o Kikito de melhor curta em 2014 foi vencido por Se essa lua fosse minha, dirigido por Larissa Lewandovski, aluna da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). Essa vigorosa safra pode ser bem avaliada no Recife, no Cinema São Luiz, a partir desta terça-feira (9), quando começa o 1º MOV: Festival Internacional de Cinema Universitário de Pernambuco, com entrada grátis.
"A maior parte dos curtas que fiz nos últimos quatro anos se deram no contexto da universidade, que me serviu de desculpa para pôr em frente algumas ideias que flutuavam já fazia algum tempo e que juntas se transformariam em filmes", constata Mouramateus, cuja obra será reunida, esta semana, em uma retrospectiva no Festival de Cinema Luso Brasileiro de Santa Maria da Feira, em Portugal. No MOV, ele apresenta O completo estranho, nesta terça, às 20h30.
"Nos últimos anos, foram criados vários cursos de cinema no Nordeste e o número de filmes universitários, como era de se prever dentro deste promissor cenário criativo, tem crescido de forma significativa", observa Silvia Macêdo, vice-coordenadora do curso de cinema e audiovisual da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), fundado há cinco anos. Até dez anos atrás, só era comum ver nos maiores festivais filmes de alunos de faculdades de São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro. Na semana passada, a UFPE sediou a mostra Cinema no Chão, com a participação de nada menos que 13 curtas produzidos por estudantes universitários pernambucanos. Os premiados ganharam equipamentos e a oportunidade de estagiar em Piedade, próximo longa-metragem de Cláudio Assis.
As facilidades trazidas pelas tecnologias digitais também favoreceram a maior inserção de curtas universitários em festivais, já que hoje em dia é possível alcançar uma qualidade de imagem cinematográfica sem os altos custos necessários na época do cinema em película. Nas décadas passadas, eram exceções filmes como Um sol alaranjado (2001), de Eduardo Valente (então estudante da Universidade Federal Fluminense), rodado em 16 milímetros e premiado no Festival de Cannes.
Graduações
Estão abertas as inscrições para o vestibular do novo curso universitário de Cinema e Audiovisual das Faculdades Integradas Barros Melo AESO, em Olinda, cuja primeira turma de alunos será formada no primeiro semestre de 2015. Desde 2005, funciona na instituição o premiado estúdio de animação BAM, onde podem trabalhar alunos de vários cursos. A Faculdade Maurício de Nassau, no Derby, inaugurou um curso de cinema em 2006, mas as atividades foram encerradas e a última turma se graduou no primeiro semestre de 2014.
A UFPE oferece ainda disciplinas de cinema de animação no curso de design o campus de Caruaru, onde funciona o estúdio Maquinário. "A base que adquiri na faculdade foi fundamental para todos os meus projetos subsequentes", garante André Arôxa. Em 2014, ele foi selecionado para o Anima Mundi, um dos maiores festivais de animação no mundo, onde apresentou o curta A escada, que será exibido nesta sexta-feira, às 20h15, no MOV.