Cinema São Luiz recebe mostra com filmes clássicos nacionais
Mostra Aeso 50 anos levará ao Cinema São Luiz quatro longas-metragens. O primeiro filme será exibido nesta quinta-feira: 'O bravo guerreiro' (1968), de Gustavo Dahl, em sessão às 19h30
Por: Hugo Viana, Folha de Pernambuco em 17/05/18 às 07H27, atualizado em 17/05/18 às 08H40
Cena do filme 'Bye Bye Brasil' (1980), de Cácá Diegues
Cena do filme 'Bye Bye Brasil' (1980), de Cácá Diegues
Foto: Divulgação
A Mostra Aeso 50 anos irá ocupar o Cinema São Luiz de hoje até o domingo. O evento, que comemora as cinco décadas da Associação de Ensino Superior de Olinda (Aeso), mantenedora das Faculdades Integradas Barros Melo, é composto por quatro longas importantes da história nacional, filmes que ajudaram a moldar a compreensão sobre os acontecimentos que agitaram o Brasil nas últimas décadas.
A mostra, que reúne filmes em torno da ideia de crise, começa nesta quinta-feira (17) com "O bravo guerreiro" (1968), de Gustavo Dahl, em sessão às 19h30.
A curadoria é assinada por Luiz Joaquim, crítico e coordenador do curso de Cinema e Audiovisual da Aeso, que escolheu filmes que se aproximam do tema central de formas diversas.
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"Em 'O bravo guerreiro' a crise é sistêmica. Ela está instalada na maneira como a política é realizada. Nesse ambiente, está um jovem deputado federal (Paulo César Pereio). Ele acredita poder mudar alguma coisa se fizer um movimento arriscado. Este mesmo movimento o coloca numa crise interna", explica.
"'Bye Bye Brasil' (1980) agrega humor por uma trupe de artistas que desbrava um país como não era mostrado na mídia de então. 'Com licença, eu vou à luta' (1986) traz uma adolescente dividida entre o que acredita ser melhor para ela, indo contra a autoridade repressora de seus pais. Já 'Terra estrangeira' (1995) é um ótimo exemplo de como uma situação real - no caso, o confisco da caderneta de poupança pelo Governo Collor - pode irradiar uma crise social e também gerar uma dramaturgia forte como espelho dessa crise", detalha.
É uma chance de (re)ver filmes históricos e acompanhar debates, que ocorrem depois das sessões. "Olhar para trás, mais do que necessário, é obrigatório. É assim que aprendemos", opina Luiz.
"Não dá para inventar boas coisas novas se não conhecermos o que já foi inventado antes. Em cinema, assim como qualquer produção artística, suas obras e seus resultados são frutos de seu tempo. Rever filmes que impactaram períodos específicos nos faz enxergar procedimentos (artísticos, técnicos ou sociais) que eram específicos daquele período, podendo nos ajudar a entender o hoje", comenta.
Para Luiz Joaquim, em cinema, assim como qualquer produção artística, as obras e seus resultados são frutos de seu tempo
Para Luiz Joaquim, em cinema, assim como qualquer produção artística, as obras e seus resultados são frutos de seu tempo - Crédito: Arthur de Souza/Folha de Pernambuco
"Gustavo Dahl, além de ter sido um dos principais articuladores do Cinema Novo (CN) e da ordenação do mercado cinematográfico no Brasil, foi também um cineasta rigoroso. 'O bravo guerreiro' está no mesmo patamar de obras incisivamente politizadas do CN, como 'O desafio' e 'Terra em Transe', mas sem a fama destes. Assisti-lo é perceber essa grandeza do filme", explica Luiz.
"Particularmente hoje, quando o Brasil passa por um de seus momentos mais sofríveis de representatividade política. Há também uma eleição presidencial em breve, e o filme esgarça exemplos de retórica e demagogia sobre o que significa o poder, a política e o povo", ressalta.
Na próxima terça-feira (22), às 16h, o festival exibirá oito curtas-metragens produzidos por estudantes do curso de Cinema e Audiovisual da Faculdades Integradas Barros Melo.
Serviço
"O bravo guerreiro" (1968), de Gustavo Dahl - quinta-feira (17), às 19h30
"Bye Bye Brasil" (1980), de Cácá Diegues - sexta-feira (18), às 19h
"Com licença, eu vou à luta" (1986), de Lui Farias - sábado, às 14h
"Terra estrangeira" (1995), de Walter Salles - domingo, às 14h
Cinema São Luiz (Rua da Aurora, 175, Boa Vista)
Ingressos: R$ 5 (preço único) e R$ 3 (terça-feira)
Por: Hugo Viana, Folha de Pernambuco em 17/05/18 às 07H27, atualizado em 17/05/18 às 08H40
Cena do filme 'Bye Bye Brasil' (1980), de Cácá Diegues
Cena do filme 'Bye Bye Brasil' (1980), de Cácá Diegues
Foto: Divulgação
A Mostra Aeso 50 anos irá ocupar o Cinema São Luiz de hoje até o domingo. O evento, que comemora as cinco décadas da Associação de Ensino Superior de Olinda (Aeso), mantenedora das Faculdades Integradas Barros Melo, é composto por quatro longas importantes da história nacional, filmes que ajudaram a moldar a compreensão sobre os acontecimentos que agitaram o Brasil nas últimas décadas.
A mostra, que reúne filmes em torno da ideia de crise, começa nesta quinta-feira (17) com "O bravo guerreiro" (1968), de Gustavo Dahl, em sessão às 19h30.
A curadoria é assinada por Luiz Joaquim, crítico e coordenador do curso de Cinema e Audiovisual da Aeso, que escolheu filmes que se aproximam do tema central de formas diversas.
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"Em 'O bravo guerreiro' a crise é sistêmica. Ela está instalada na maneira como a política é realizada. Nesse ambiente, está um jovem deputado federal (Paulo César Pereio). Ele acredita poder mudar alguma coisa se fizer um movimento arriscado. Este mesmo movimento o coloca numa crise interna", explica.
"'Bye Bye Brasil' (1980) agrega humor por uma trupe de artistas que desbrava um país como não era mostrado na mídia de então. 'Com licença, eu vou à luta' (1986) traz uma adolescente dividida entre o que acredita ser melhor para ela, indo contra a autoridade repressora de seus pais. Já 'Terra estrangeira' (1995) é um ótimo exemplo de como uma situação real - no caso, o confisco da caderneta de poupança pelo Governo Collor - pode irradiar uma crise social e também gerar uma dramaturgia forte como espelho dessa crise", detalha.
É uma chance de (re)ver filmes históricos e acompanhar debates, que ocorrem depois das sessões. "Olhar para trás, mais do que necessário, é obrigatório. É assim que aprendemos", opina Luiz.
"Não dá para inventar boas coisas novas se não conhecermos o que já foi inventado antes. Em cinema, assim como qualquer produção artística, suas obras e seus resultados são frutos de seu tempo. Rever filmes que impactaram períodos específicos nos faz enxergar procedimentos (artísticos, técnicos ou sociais) que eram específicos daquele período, podendo nos ajudar a entender o hoje", comenta.
Para Luiz Joaquim, em cinema, assim como qualquer produção artística, as obras e seus resultados são frutos de seu tempo
Para Luiz Joaquim, em cinema, assim como qualquer produção artística, as obras e seus resultados são frutos de seu tempo - Crédito: Arthur de Souza/Folha de Pernambuco
"Gustavo Dahl, além de ter sido um dos principais articuladores do Cinema Novo (CN) e da ordenação do mercado cinematográfico no Brasil, foi também um cineasta rigoroso. 'O bravo guerreiro' está no mesmo patamar de obras incisivamente politizadas do CN, como 'O desafio' e 'Terra em Transe', mas sem a fama destes. Assisti-lo é perceber essa grandeza do filme", explica Luiz.
"Particularmente hoje, quando o Brasil passa por um de seus momentos mais sofríveis de representatividade política. Há também uma eleição presidencial em breve, e o filme esgarça exemplos de retórica e demagogia sobre o que significa o poder, a política e o povo", ressalta.
Na próxima terça-feira (22), às 16h, o festival exibirá oito curtas-metragens produzidos por estudantes do curso de Cinema e Audiovisual da Faculdades Integradas Barros Melo.
Serviço
"O bravo guerreiro" (1968), de Gustavo Dahl - quinta-feira (17), às 19h30
"Bye Bye Brasil" (1980), de Cácá Diegues - sexta-feira (18), às 19h
"Com licença, eu vou à luta" (1986), de Lui Farias - sábado, às 14h
"Terra estrangeira" (1995), de Walter Salles - domingo, às 14h
Cinema São Luiz (Rua da Aurora, 175, Boa Vista)
Ingressos: R$ 5 (preço único) e R$ 3 (terça-feira)