Cinemateca Pernambucana faz balanço de atividades
Instituição de preservação e difusão do audiovisual local cresce e pode ganhar expansão
Ernesto de Barros
Prestes a completar seis meses de funcionamento, a Cinemateca Pernambucana faz seu primeiro balanço e confirma sua importância para a cadeia produtiva do audiovisual no Estado. Já conta com a adesão de 37 cineastas, um acervo de quase 800 filmes, dos quais mais de 200 liberados para consulta online. Instalada numa área de 400 metros quadrados, o espaço já recebeu mil visitantes e reúne cerca de dois mil itens, entre cartazes, figurinos, roteiros, rolos de filmes e equipamentos.
Na semana passada, a cinemateca enriqueceu mais ainda seu acervo com a chegada da obra completa do Coletivo Telephone Colorido e do cineasta Jura Capela, que considera o projeto fundamental para a preservação do cinema feito em Pernambuco. Além dos filmes Paranã-Puca – Onde o Mar se Arrebenta, Copo de Leite, Jardim Atlântico e Schenberguianas, Jura também depositou outros itens do seu acervo, como cartazes, clipping de notícias e livros. “Cada década é uma época de diretores novos e de renovação de quem dirige há tempos, e a Cinemateca Pernambucana é o porto seguro que cuida de todo este nosso repertório de realização. Assim vamos compondo a nossa cinematografia pernambucana (e brasileira),” afirma o cineasta.
Para a coordenadora da Cinemateca, Ana Farache, os resultados alcançados nesses primeiros meses de funcionamento deixam toda a equipe muito animada e confiante da qualidade dos serviços que estão sendo prestados aos realizadores, pesquisadores, estudantes e público em geral. E sua intenção é tornar o espaço cada vez mais acessível a todas as pessoas. “Estamos iniciando a adaptação do espaço físico para promover uma mobilidade adequada para pessoas cegas e de baixa visão e com deficiência física. Para isso, será instalado neste próximo mês uma sinalização podotátil em todo o nosso espaço”, diz a coordenadora. Além disso, o acervo exposto contará também com audiodescrição e tradução em Libras. Vale ressaltar que a cinemateca já dispõe de filmes com acessibilidade comunicacional (LSE, Libras e audiodescrição) no seu portal de consulta.
A Cinemateca Pernambucana, vinculada à Coordenação do Cinema da Fundação Joaquim Nabuco, é resultado de uma parceria com a coordenação do Cinema da UFPE e TV Escola, instituições vinculadas ao Ministério de Educação. Segundo o reitor da UFPE, Anísio Brasileiro, “a Cinemateca Pernambucana é um dos mais importantes desenvolvimentos recentes do segmento audiovisual no nosso Estado. Desde o início, participamos da sua implantação e continuamos envolvidos nos esforços de pesquisa, preservação e curadoria”.
Para a presidente da Fundaj, Ivete Lacerda, a “Cinemateca Pernambucana agregou ainda mais valor à nossa missão de conectar educação e cultura, no campo do cinema, no qual já tínhamos uma presença marcante, com nossas salas do Derby e do Museu”. A presidente adianta que, com a consolidação da cinemateca e com o crescimento rápido do seu acervo, a instituição já pensa em transferir, no próximo ano, o projeto para o belo Casarão Francisco Ribeiro Pinho, de 1873, localizado a poucos metros da atual sede da Cinemateca, em Casa Forte.
O foco inicial da Cinemateca Pernambucana é a preservação e difusão em matriz digital do acervo que está disponibilizado presencialmente ou via internet, no portal da Cinemateca. A coleta, guarda e a gestão do acervo é apenas parte desse desafio, uma vez que a Cinemateca visa também assegurar o acesso facilitado aos conteúdos, ação fundamental para a preservação do cinema pernambucano. Acordos contratualmente estabelecidos entre a cinemateca e detentores dos direitos autorais dos filmes, regem as condições de guarda e difusão das produções, caso a caso.
A cineasta Adelina Pontual, por exemplo, cedeu todos seus filmes, além do seu arquivo de roteiros, cadernos de continuidade, entre outros itens. Para Adelina, a Cinemateca Pernambucana é importante porque “sem ela nosso cinema perde a sua memória, a sua história. E cinema sem memória são imagens soltas ao vento”. O produtor João Jr. também doou diversos itens da REC Produtores. Foram roteiros, documentos, filmes em película, peças de direção de arte, entre outros. Para ele, a cinemateca é o resultado de uma “linda obstinação” que ajuda a consolidar o cenário do audiovisual de Pernambuco.
O historiador e professor da UFPE, Antônio Paulo Rezende, considera que “a Cinemateca Pernambucana é uma grande conquista, porque preservar as imagens é um pacto com a reinvenção do encanto”. Rezende faz parte do Grupo de Pesquisa em Cinema & História, o primeiro criado no âmbito da Cinemateca e que agrupa 15 pesquisadores de diversas instituições, como a UFPE, a UNICAP, a AESO e a Universidade Rural.
Muitos professores estão utilizando os espaços da Cinemateca Pernambucana para palestras e aulas. Camilo Soares, diretor de fotografia e professor de cinema na UFPE, é um deles. “Além da importante função da preservação física da memória cinematográfica de Pernambucano, a nossa Cinemateca comprova que o cinema é um instrumento fundamental para entender nosso espaço e nós mesmos como uma construção incessante de representações”, afirma Soares. Já Clarissa Sóter, designer e professora de moda, que usa as peças de direção de arte do acervo para discutir com seus estudantes, classifica a Cinemateca Pernambucana como “um espaço onde o histórico e o lúdico se fundem, terreno de criação fértil para a moda e o design”.
Cinemateca Pernambucana em números
Visitantes: 1.000 (estudantes com aulas in loco de cursos da UFPE, Unicap e FBV, além de grupos com visitas agendadas)
Acervo Fílmico
Total de filmes arquivados: 778
213 liberados para consulta online
32 liberados para consulta na exclusivamente na Cinemateca
15.398 acessos no portal www.cinematecapernambucana.com.br
Filmes mais vistos:
Tatuagem, de Hilton Lacerda
A História da Eternidade, de Camilo Cavalcante
JMB, o Famigerado, de Luci Alcântara
A Filha do Advogado, de Jota Soares
Noturno em Re-cife Maior, de Jomard Muniz de Britto
664 peças e documentos sobre o cinema pernambucano
60 teses e dissertações
106 rolos de filmes (35mm/16mm)
473 DVDs e fitas VHS/Betacam/MiniDV/DVCam/U-Matic/DAT/H8
33 peças museológicas/equipamentos/figurinos/adereços
34 roteiros originais
2.500 dossiês de recortes de jornais e revistas
80 cartazes
251 livros, catálogos, revistas e trabalhos acadêmicos
4 cursos e palestras
O Cinema Experimental no Brasil e o Super-8 em Pernambuco, ministrado por Rubens Machado Jr (USP).
Cinema Pernambucano Contemporâneo, com a professora e pesquisadora Amanda Mansur (UFPE)
Como a História se Relaciona com o Cinema?, com o professor Antonio Paulo Rezende (UFPE)
O Cinema de Olho na História, com o pesquisador Arthur Lira
Próximos cursos
A Relação do Cinema e da História na Visão de Marc Ferro, com o professor Paulo Cunha (UFPE)
As Novas Teorias da Historiografia do Cinema, com o professor Eduardo Morettin (USP)
5 sessões cinemateca
Mostra Geneton Moraes Neto, com o professor Rubens Machado Jr (USP).
O Canto do Mar, de Alberto Cavalcanti, com o professor Paulo Cunha (UFPE)
O Rochedo e a Estrela, com a cineasta Kátia Mesel
A História da Eternidade, de Camilo Cavalcante, com Matheus Cartaxo
Veneza Americana, de Ugo Falangola e J. Cambiere, com trilha sonora ao vivo do músico Alex Mono
Próximas sessões cinemateca
A Obra em Super-8 de Ivan Cordeiro
O Olhar dos Curtas Pernambucanos sobre o Sertão
1 grupo de pesquisa
Cinema & História, com pesquisadores, professores e estudantes de diversas instituições, como a UFPE, a UFRPE, a AESO e a UNICAP.
JC Cultura
Ernesto de Barros
Prestes a completar seis meses de funcionamento, a Cinemateca Pernambucana faz seu primeiro balanço e confirma sua importância para a cadeia produtiva do audiovisual no Estado. Já conta com a adesão de 37 cineastas, um acervo de quase 800 filmes, dos quais mais de 200 liberados para consulta online. Instalada numa área de 400 metros quadrados, o espaço já recebeu mil visitantes e reúne cerca de dois mil itens, entre cartazes, figurinos, roteiros, rolos de filmes e equipamentos.
Na semana passada, a cinemateca enriqueceu mais ainda seu acervo com a chegada da obra completa do Coletivo Telephone Colorido e do cineasta Jura Capela, que considera o projeto fundamental para a preservação do cinema feito em Pernambuco. Além dos filmes Paranã-Puca – Onde o Mar se Arrebenta, Copo de Leite, Jardim Atlântico e Schenberguianas, Jura também depositou outros itens do seu acervo, como cartazes, clipping de notícias e livros. “Cada década é uma época de diretores novos e de renovação de quem dirige há tempos, e a Cinemateca Pernambucana é o porto seguro que cuida de todo este nosso repertório de realização. Assim vamos compondo a nossa cinematografia pernambucana (e brasileira),” afirma o cineasta.
Para a coordenadora da Cinemateca, Ana Farache, os resultados alcançados nesses primeiros meses de funcionamento deixam toda a equipe muito animada e confiante da qualidade dos serviços que estão sendo prestados aos realizadores, pesquisadores, estudantes e público em geral. E sua intenção é tornar o espaço cada vez mais acessível a todas as pessoas. “Estamos iniciando a adaptação do espaço físico para promover uma mobilidade adequada para pessoas cegas e de baixa visão e com deficiência física. Para isso, será instalado neste próximo mês uma sinalização podotátil em todo o nosso espaço”, diz a coordenadora. Além disso, o acervo exposto contará também com audiodescrição e tradução em Libras. Vale ressaltar que a cinemateca já dispõe de filmes com acessibilidade comunicacional (LSE, Libras e audiodescrição) no seu portal de consulta.
A Cinemateca Pernambucana, vinculada à Coordenação do Cinema da Fundação Joaquim Nabuco, é resultado de uma parceria com a coordenação do Cinema da UFPE e TV Escola, instituições vinculadas ao Ministério de Educação. Segundo o reitor da UFPE, Anísio Brasileiro, “a Cinemateca Pernambucana é um dos mais importantes desenvolvimentos recentes do segmento audiovisual no nosso Estado. Desde o início, participamos da sua implantação e continuamos envolvidos nos esforços de pesquisa, preservação e curadoria”.
Para a presidente da Fundaj, Ivete Lacerda, a “Cinemateca Pernambucana agregou ainda mais valor à nossa missão de conectar educação e cultura, no campo do cinema, no qual já tínhamos uma presença marcante, com nossas salas do Derby e do Museu”. A presidente adianta que, com a consolidação da cinemateca e com o crescimento rápido do seu acervo, a instituição já pensa em transferir, no próximo ano, o projeto para o belo Casarão Francisco Ribeiro Pinho, de 1873, localizado a poucos metros da atual sede da Cinemateca, em Casa Forte.
O foco inicial da Cinemateca Pernambucana é a preservação e difusão em matriz digital do acervo que está disponibilizado presencialmente ou via internet, no portal da Cinemateca. A coleta, guarda e a gestão do acervo é apenas parte desse desafio, uma vez que a Cinemateca visa também assegurar o acesso facilitado aos conteúdos, ação fundamental para a preservação do cinema pernambucano. Acordos contratualmente estabelecidos entre a cinemateca e detentores dos direitos autorais dos filmes, regem as condições de guarda e difusão das produções, caso a caso.
A cineasta Adelina Pontual, por exemplo, cedeu todos seus filmes, além do seu arquivo de roteiros, cadernos de continuidade, entre outros itens. Para Adelina, a Cinemateca Pernambucana é importante porque “sem ela nosso cinema perde a sua memória, a sua história. E cinema sem memória são imagens soltas ao vento”. O produtor João Jr. também doou diversos itens da REC Produtores. Foram roteiros, documentos, filmes em película, peças de direção de arte, entre outros. Para ele, a cinemateca é o resultado de uma “linda obstinação” que ajuda a consolidar o cenário do audiovisual de Pernambuco.
O historiador e professor da UFPE, Antônio Paulo Rezende, considera que “a Cinemateca Pernambucana é uma grande conquista, porque preservar as imagens é um pacto com a reinvenção do encanto”. Rezende faz parte do Grupo de Pesquisa em Cinema & História, o primeiro criado no âmbito da Cinemateca e que agrupa 15 pesquisadores de diversas instituições, como a UFPE, a UNICAP, a AESO e a Universidade Rural.
Muitos professores estão utilizando os espaços da Cinemateca Pernambucana para palestras e aulas. Camilo Soares, diretor de fotografia e professor de cinema na UFPE, é um deles. “Além da importante função da preservação física da memória cinematográfica de Pernambucano, a nossa Cinemateca comprova que o cinema é um instrumento fundamental para entender nosso espaço e nós mesmos como uma construção incessante de representações”, afirma Soares. Já Clarissa Sóter, designer e professora de moda, que usa as peças de direção de arte do acervo para discutir com seus estudantes, classifica a Cinemateca Pernambucana como “um espaço onde o histórico e o lúdico se fundem, terreno de criação fértil para a moda e o design”.
Cinemateca Pernambucana em números
Visitantes: 1.000 (estudantes com aulas in loco de cursos da UFPE, Unicap e FBV, além de grupos com visitas agendadas)
Acervo Fílmico
Total de filmes arquivados: 778
213 liberados para consulta online
32 liberados para consulta na exclusivamente na Cinemateca
15.398 acessos no portal www.cinematecapernambucana.com.br
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JMB, o Famigerado, de Luci Alcântara
A Filha do Advogado, de Jota Soares
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664 peças e documentos sobre o cinema pernambucano
60 teses e dissertações
106 rolos de filmes (35mm/16mm)
473 DVDs e fitas VHS/Betacam/MiniDV/DVCam/U-Matic/DAT/H8
33 peças museológicas/equipamentos/figurinos/adereços
34 roteiros originais
2.500 dossiês de recortes de jornais e revistas
80 cartazes
251 livros, catálogos, revistas e trabalhos acadêmicos
4 cursos e palestras
O Cinema Experimental no Brasil e o Super-8 em Pernambuco, ministrado por Rubens Machado Jr (USP).
Cinema Pernambucano Contemporâneo, com a professora e pesquisadora Amanda Mansur (UFPE)
Como a História se Relaciona com o Cinema?, com o professor Antonio Paulo Rezende (UFPE)
O Cinema de Olho na História, com o pesquisador Arthur Lira
Próximos cursos
A Relação do Cinema e da História na Visão de Marc Ferro, com o professor Paulo Cunha (UFPE)
As Novas Teorias da Historiografia do Cinema, com o professor Eduardo Morettin (USP)
5 sessões cinemateca
Mostra Geneton Moraes Neto, com o professor Rubens Machado Jr (USP).
O Canto do Mar, de Alberto Cavalcanti, com o professor Paulo Cunha (UFPE)
O Rochedo e a Estrela, com a cineasta Kátia Mesel
A História da Eternidade, de Camilo Cavalcante, com Matheus Cartaxo
Veneza Americana, de Ugo Falangola e J. Cambiere, com trilha sonora ao vivo do músico Alex Mono
Próximas sessões cinemateca
A Obra em Super-8 de Ivan Cordeiro
O Olhar dos Curtas Pernambucanos sobre o Sertão
1 grupo de pesquisa
Cinema & História, com pesquisadores, professores e estudantes de diversas instituições, como a UFPE, a UFRPE, a AESO e a UNICAP.
JC Cultura