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Economia criativa cresce, mas falta mão de obra



O termo é recente mas já virou moda entre os profissionais que atuam em áreas como iluminação, vídeo, audiovisual, shows, eventos culturais e TV, entre outros. A razão é simples, uma vez que o segmento tem crescido no encalço do economia aquecida em vários setores. Só que os gargalos existem e não são poucos, a começar pela falta de qualificação da mão de obra e formação de gestores. O tema está sendo debatido no Encontro Internacional Pernambuco Criativo, que está sendo realizado no Paço Alfândega, até a próxima quinta (21).
 
As discussões sobre a economia criativa têm atraído cada vez mais pessoas dispostas a ganhar dinheiro explorando a diversidade cultural brasileira. Não é para menos. As oportunidades existem e a tendência, segundo palestrantes do evento, é de crescimento, ainda mais se considerarmos que o Brasil atravessa um momento promissor no quesito cultura: o país entrou de vez na rota internacional dos grandes shows e vai receber dois eventos esportivos de grande porte nos próximos quatros anos, a Copa do Mundo de Futebol (2014) e os Jogos Olímpicos (2016). Tem espaço para muitos mais.
 
Mas, na análise desses analistas e profissionais do setor, é preciso investir na qualificação da mão de obra (quem sonha em trabalhar nessa área) e na formação de gestores. Ainda mais quando o setor tem arrecadado bilhões de reais nos últimos anos, algo próximo de R$ 50 bilhões anuais no Brasil, segundo a Federação Nacional da Economia Criativa (Fnec), ligada ao Ministério da Cultura.

“De uma forma geral, o público é carente de formação profissional, já que existem poucas escolas e universidades com este perfil. Mas é preciso discutir de quem é o papel de formação dos gestores culturais e isso é um conceito complexo. Além disso, é necessário identificar quais são e onde estão as oportunidades”, diz Bruno Nogueira, coordenador de extensão e do curso de rádio, TV e internet da faculdade Aeso. As oportunidades são vastas, segundo ele, o que falta é a qualificação.

No atual momento, os grupos shows e eventos, vídeo, áudio e iluminação tem exercido o papel de protagonistas na economia criativa. O mercado pede, mas não recebe profissionais qualificados para exercerem diferentes funções. Mas não se iluda. Na análise dos especialista, quem pretende atuar nesse segmento deve saber que se trata de um investimento a médio e longo prazo.

“Não pode ser feito de última hora. É preciso se qualificar, estar atualizado das novidades do mercado. Daí este ‘apagão propfissional’ e a importação de mão de obra”, avalia Luiz Helênio dos Santos, diretor do Instituto de Artes e Técnicas em Comunicação do Rio de Janeiro (Iatec). Santos diz que custo de infraestrutra do setor é alto e faltam investimentos em escolas e universidades.


Qualificação

Diante da deficiência de investimentos e fortalecimento de projetos, resta aos interessados a busca pela qualificação paralela. Neste caso, as opções variam de cursos técnicos a estágio ou ingresso em cargos de base (para os iniciantes). Essa dificuldade, aliás, interfere diretamente no perfil dos profissionais.  Muitos, inclusive, atuam na informalidade pode não terem condições de buscar uma capacitação específica.

 

Há, no entanto, quem procure alternativas para fugir da informalidade.  “O modelo do Empreendedor Individual (EI) tem atraído muitos profissionais de economia criativa e temos percebido uma procura constante pela formalização. Até por que eles têm acesso ao crédito, investimentos e capacitação”, revela Germana Uchôa, consultora da Triz Negócios Criativos, do Sebrae-PE e criadora do Projeto Garimpo.

De acordo com Edgar Andrade, presidente da Fnec, em 2008 somente 2,8% do PIB brasileiro foram oriundos da economia criativa. “É muito pouco diante da riqueza cultural do Brasil. A Fnec busca justamente ser um canal entre os profissionais e o poder público para auxiliar no crescimento do setor”, pontua. “Os cursos de formação profissional precisam ser ampliados para que o mercado absorva a demanda que vai crescer nos próximos anos”.


Saiba mais

Economia criativa (conceito) - atividades que envolvam produção, criação e distribuição de produtos e serviços, usando o conhecimento e a criatividade como principais recursos produtivos

Oportunidades - eventos culturais, esportivos, governamentais e religiosos, festivais de música, turnês, festas regionais e corporativas, feiras de negócios, TV digital e por assinatura, vídeo via internet, games virtuais e cinema, entre outros

Áreas mais aquecidas - shows e eventos, vídeo, áudio, iluminação e games

Qualificação - cursos técnicos, feiras e congressos, workshops, estudos de idiomas, estágio ou ingresso em cargos de base (para iniciantes)

Gargalos - custo elevado de infraestrutura, baixa taxa de lucratividade dos cursos, formação de corpo docente, mudanças no perfil do aluno, mercado de trabalho informal, falta de incentivos para escolas e universidades

Consequências - “apagão profissional”, importação da mão de obra, aumento do custo da produção, inviabilização técnica e orçamentária das produções

Fonte: Iatec-RJ    

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