Paolo Gregori tem carreira no cinema desde os 17 anos, atuou em diversas funções na área, como produtor, roteirista e diretor
O ano letivo ainda nem começou na Aeso-Barros Melo e as novidades já movimentam a instituição. O coordenador do novo curso de Cinema e Audiovisual veio direto de São Paulo para dar as diretrizes na graduação. Paolo Gregori tem 45 anos de idade e mais de 25 deles dedicados à sétima arte. Começou ainda novo, aos 17 anos, e desde então trabalhou na Embra Filmes (Empresa Brasileira d Filmes), estudou no Leste Europeu, foi assistente de direção, continuista, produtor, roteirista, diretor, professor, além de ter assinado a crítica de cinema da Folha de São Paulo na década de 1990. Também foi destaque nesta década por montar a produtora Paraísos Artificiais, importante para a retomada do cinema brasileiro na época.
O professor conversou com a Barros Melo sobre o curso de Cinema e Audiovisual, mercado de trabalho e muito mais. Confira:
Aeso – Barros Melo: O que é fundamental passar para um aluno de cinema?
Paolo: Que o cinema é o cinema. Pode parecer estranho falar isso, mas as pessoas confundem muito o cinema com outras coisas e eu quero evitar essa confusão. Acho que o grande mal do cinema contemporâneo é essa confusão. Agora para descobrir porque o cinema é o cinema precisa fazer o curso, não vou contar agora (risos).
Aeso – Barros Melo: Qual o principal foco do curso de Cinema e Audiovisual da Barros Melo?
Paolo: Cinematizar o pensamento dos alunos e repensar o cinema. Se eles conseguirem essas duas coisas, vão ser alunos nota 10. A pessoa que entender isso vai ter grandes possibilidades no futuro. Vou ensinar o aluno a entender o passado do cinema, visando o futuro e vivendo o presente, realizando filmes.
Aeso – Barros Melo: Quanto a grande curricular do curso?
Paolo: Todos os semestres têm bastante pratica. Você só consegue praticar uma coisa se você treina bastante, você só consegue ser bom em alguma coisa assim. Então como eu me torno um cineasta? Treinando o olhar, o ver filmes, o fazer filmes. Ver e fazer norteiam essa grade curricular. Para mim, o aluno ideal é aquele que ver um filme por dia e faz um filme por dia, porque isso se chama treino. A partir daí ele vai fazer um filme de verdade, até lá eles vão treinando.
Aeso – Barros Melo: Qual o maior objetivo na formação do aluno na Barros Melo?
Paolo: O curso tem que preparar o aluno para percorrer os degraus a escada do sucesso. Eu não vou percorrer com eles, eu vou apontar “a escada é por ali, vocês precisam chegar lá e subir” e vamos prepará-los para isso.
Aeso – Barros Melo: De que forma o curso é fundamental para a carreira do aluno?
Paolo: Bom, ele vai terminar como um ser humano. O grande papel formador do cinema é formar seres humanos, o que está em falta no mundo (risos). O cinema luta para evitar que essas coisas de outro gênero imperem no mundo. Não adianta ter um profissional que não é um ser humano. No cinema podemos fazer tudo, gente voar, cachorro falar. E o nosso aluno é o que quer fazer isso, mas também que quer fazer muito mais.
Aeso – Barros Melo: Como está o mercado de trabalho na área?
Paolo: Sem demagogias, Recife é o lugar ideal para estudar cinema. Isso é reconhecido lá fora, eu escuto de pessoas que conheço, franceses, italianos, portugueses, alemães. Esses últimos agora principalmente que têm três ou quatro filmes de Pernambuco no festival de lá, mais do que filmes de São Paulo, por exemplo. Aqui é onde se faz os melhores filmes, onde se têm as melhores cabeças, porque eles conseguiram cinematizar a cabeça. Talvez aqui dentro não seja visível, mas para quem vem de fora, como eu, é muito claro.