Por Larissa Cavalcante e Fernanda Machado*
As Faculdades Integradas Barros Melo realizaram, no mês de março, a segunda edição do Empodera, um evento que discutiu assuntos relacionados ao protagonismo da mulher no mercado de trabalho. Seis profissionais de diversas áreas, compartilharam experiências sobre o tema. Mayra Waquim, coordenadora do Curso de Publicidade e Propaganda, destacou a importância de iniciativas para reforçar a luta contra o machismo estrutural. “Com o Empodera, analisamos vários pontos de vista e associamos a um debate único em relação ao respeito”, declara Mayra.
Para Waquim, os debates foram muito proveitosos, graças a possibilidade de ter profissionais de áreas diferentes, mostrando como enxergam o papel no mercado. “A troca de ideias é sempre muito importante, pois, a cada discussão, despertamos o olhar para uma questão que não está sendo vista. É um debate ainda dolorido para as mulheres e esse espaço permite uma caída das fichas, um respiro”, completa.
Entre as convidadas do evento estava a empresária Karol Arruda, responsável pelo Closet Brechó. Antes de ter montar o próprio negócio, ela passou por casos de assédio no antigo emprego. “Meu chefe disse que me contratou só porque eu tinha um rostinho bonito para despachar com os juízes.”, lembra Karol, sobre a época em trabalhava como advogada. Ela faz parte dos 33% de mulheres que sofreram assédio no local de trabalho, segundo uma pesquisa feita em 2013, pelo Coletivo Olga.
Como Karol, a jornalista e documentarista Déa Ferraz, desabafa sobre a dificuldade da mulher atuar onde há uma predominância masculina, como o audiovisual . “Coordenar um set de filmagem é um exemplo. Há uma disputa de gênero, pois alguns homens não respeitam essa posição”, diz. Inspirada por essa situação do machismo estrutural diário, ela produziu o documentário Câmara de Espelhos, exibido durante o Empodera. O filme relata os discursos naturalizados da violência contra mulher e gerou debate intenso na exibição.
Os casos de assédio e preconceito são resultado de ambiente em que há um número desproporcional entre homens e mulheres, como relata a psicóloga Graziela Magalhães, especialista em Terapia Cognitiva Comportamental (TCC). “Em áreas em que a quantidade de homens supera a de mulheres, é comum ter uma ideia da figura masculina como provedora e a da presença feminina a de ocupar a função de limpar a vista.”, explica Graziele. Para ela, o problema se intensifica em instituições onde os trabalhadores não se reciclam e perpetuam preconceitos.
Por outro lado, essa ideia está sendo combatida mesmo com as dificuldades, como no caso de Jaíne Cintra, designer do Diário de Pernambuco. Responsável pela criação da editoria de Multimídia, Jaíne conta que a é primeira vez que a editoria de artes é liderada por mulheres. Segundo ela, mesmo com a especialização, ainda é comum homens minimizarem seus conhecimentos e de suas colegas de trabalho. Além disso, há problemas em relação à questão salarial. “Muitas recebem menos que os homens, apesar de fazerem o mesmo que eles.”, lamenta. Segundo o IBGE, a mulheres ganham cerca de 25% a menos do que o salário masculino, mesmo se estudasse ou trabalhasse mais.
No Recife, a repórter cinematográfica, Ana Regina é funcionária, há três anos, da Rede Globo Nordeste. Atualmente, ela é a única cinegrafista da emissora numa equipe de 19 pessoas. Além dela, há outras três mulheres que trabalham por trás das câmeras. “Hoje somos quatro, há dez anos não existia nenhuma” diz ela, destacando que o fato de ser incomum, torna o seu trabalho ainda mais empolgante. A repórter cinematográfica fechou o Empodera com uma mensagem positiva para as mulheres: “O que vocês quiserem, seja na TV, no rádio, na assessoria, o que for, vocês conseguem".
*Texto colaborativo do Laboratório de Jornalismo da FIBAM.